Prédios desocupados no centro de SP são restaurados e vendidos a preços convidativos.
A degradação do centro da cidade não é exclusividade de São Paulo. O fenômeno é bastante comum em cidades grandes - quando outros pólos de investimento imobiliário são criados - e culmina com a saída dos moradores, a desvalorização dos imóveis e o abandono pelo investimento público. O resultado é a perda de patrimônio histórico, artístico e cultural.
Felizmente, a situação é reversível. Barcelona, Paris, Londres e Bolonha (Itália) passaram por esta situação e criaram, nas décadas passadas, projetos eficientes reaproveitando antigos edifícios e integrando-os a edificações mais modernas. Atividades de lazer e turismos serviram de apoio, enfatizando os aspectos tradicionais da cultura local. Em São Paulo, projetos como Viva o Centro e Nova Luz acumulam conquistas e indicam o retorno de investimentos para a região.
Um bom sinal é que neste ano, desembargadores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo e suas equipes de trabalho saíram de um prédio na avenida Paulista e começaram a ocupar as salas totalmente reformadas do edifício que abrigou o Hotel Hilton, na avenida Ipiranga. A mudança significará uma economia considerável aos cofres públicos, além de incentivar ações similares.
A "Centro Vivo" é uma empresa privada que há mais de dez anos investe na compra e revitalização de prédios abandonados no centro. "Hoje a procura aumentou muito", conta Henrique Staszewski. Segundo o corretor, as obras atendem a valorizar os imóveis do quarteirão todo. A empresa mantém uma parceria com a Caixa Econômica Federal para financiamentos, que facilita a compra e é um atrativo a mais para o público de classe média predominante na região. O valor de seus lançamentos é de cerca de R$ 2.000,00 o m² sendo que o de um novo seria de R$ 4.000,00. "Além do preço mais baixo, os imóveis são mais espaçosos, com dois quartos em 80m² ou um quarto com 50m², um luxo se comparado aos lançamentos atuais", afirma Staszewski.
O projeto "Vá para o Centro", promovido pela Marcelo Lara Negócios Imobiliários, também encontrou seu lugar no nicho da reforma. Somente nos três primeiros meses deste ano, a empresa concluiu a reforma de 4 edifícios e deve concluir as obras de outros 2 prédios até o final deste semestre. "O investimento em imóveis no centro é um ótimo negócio. Mesmo com valores de aluguel mais baixos em relação a outras regiões, a infra-estrutura local constribui para que a demanda por locação seja alta", aponta Marcelo, sócio da empresa. Ele enfatiza que a área central oferece diversas opções de tamanhos e valores. "As metragens e características destes prédios variam. Podemos encontrar apartamentos residenciais de 40 a 160 metros quadrados, assim como salas comerciais com capacidade para abrigar pequenos escritórios, empresas de médio e até grande porte".
A corretora Isabel Cristina Ferreira de Oliveira, atuante na República, garante que procura por apartamentos ali aumentou cerca de 40% nos últimos 5 anos. O perfil do comprador é dividido em duas frentes: investidores, que comprar para alugar, e pessoas que estudam ou trabalham por ali e estão cansadas do trânsito.
Flávio Prando, vice presidente de habitação do Secovi conta que ainda que a localização tenha interesse excepcional por parte de paulistanos e pessoas de outros municipios o perfil "antigo" era o que afastava o público comprador do centro até dois anos atrás. "Há poucos meses fizermos o lançamento do primeiro residencial moderno no centro, na Duque de Caxias, e em 10 dias estava tudo vendido". Para o especialista, a procura sempre foi muito grande, mas as pessoas têm preconceito com os prédios antigos, sem garagem. "Infelizmente há pouca área no centro para construir. Eu acho que chegaremos no estágio de demolir prédios para trazer outros novos. Temos uma expectativa muito grande que a região da nova luz receba novos empreendimentos e ganhe nova vida", conclui.